quinta-feira, 26 de novembro de 2009

{Teoria Contingencial ou Teoria da Contingencia}

O que é?

Na Teoria da Contingência tudo é relativo, tudo depende, isto é, não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Há uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. Dentro de uma relação funcional, as variáveis ambientais são variáveis independentes, enquanto as técnicas administrativas são variáveis dependentes. Existe uma relação funcional entre elas, como vimos, essa relação funcional é do tipo "se-então" e pode levar a um alcance eficaz dos objetivos da organização. A administração contingencial pode ser intitulada de abordagem do "se-então", pois o reconhecimento, diagnóstico e adaptação à situação são importantes para a abordagem contingencial. Porem eles não são suficientes, necessitando as relações funcionais com as condições ambientais e as práticas administrativas ser constantemente identificadas e ajustadas

Histórico:

Teoria da Contingência surgiu a partir de várias pesquisas feitas para verificar os modelos das estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de empresas. Os resultados das pesquisas conduziram a uma nova concepção da organização e o seu funcionamento é dependente da interface com o ambiente externo. Verificaram que não há um único e melhor jeito de organizar. Essas pesquisas e estudos foram contingentes, no sentido em que procuraram compreender e explicar o modo como as empresas funcionavam em diferentes condições que variam de acordo com o ambiente ou contexto que a empresa escolheu como seu domínio de operação. Em outras palavras, essas condições são ditas "de fora" da empresa, isto é, do seu ambiente. Essas contingências externas podem ser consideradas oportunidades e imperativos ou restrições e ameaças que influenciam a estrutura e os processos internos da organização.

Principais autores:

Burns, Stalker, Alfred Chandler Jr, Emery, Trist, Laurence, Lorsch.


Referenciais constatados:

Alfred Chandler realizou uma investigação histórica sobre as mudanças estruturais de grandes organizações relacionando-as com a estratégia de negócios. O autor estuda a experiência de quatro grandes empresas americanas (Dupont, General Motors, Standard Oil e a Sears Roebuck), e examina comparativamente essas corporações americanas demonstrando como a sua estrutura foi sendo continuamente adaptada e ajustada a sua estratégia. A conclusão de Chandler é que a estrutura organizacional das grandes empresas americanas foi sendo gradativamente determinada pela sua estratégia mercadológica. A estrutura organizacional corresponde ao desenho da organização, isto é, a forma organizacional que ela assumiu para integrar seus recursos, enquanto a estratégia corresponde ao plano global de alocação de recursos para atender as demandas do ambiente.

Tom Burns e G. M Stalker, pesquisaram vinte indústrias inglesas para verificar a relação existente entre as práticas administrativas e o ambiente externo dessas industrias. Impressionado com os diferentes procedimentos administrativos encontrados nessas indústrias, classificaram-nas em dois tipos: Mecanísticas e Orgânicas

A Conclusão de Burns e Stalker é que a forma mecanística de organização é apropriada para condições ambientais estáveis, enquanto que a forma orgânica é apropriada para condições ambientais de mudanças e inovação. Em resumo, há um imperativo ambiental, isto é, é o ambiente que determina a estrutura e o funcionamento das organizações.

Paul R. Lawrence e Jay w. Lorsch fizeram uma pesquisa sobre o defronta mento entre organização e ambiente que marca o aparecimento da Teoria da Contingência. Este nome derivou desta pesquisa. Estes autores, preocupados com as características que as empresas devem ter para enfrentar com eficiência as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado, fizeram uma pesquisa sobre dez empresas em três diferentes meios industriais (plásticos, alimentos empacotados e recipientes/containers). Os autores concluíram que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e a integração.

Diferenciação: As organizações apresentam esta característica. É a divisão da organização em departamentos, cada qual desempenhando uma tarefa especializada para um contexto ambiental também especializado. Cada departamento reage unicamente áquela parte do ambiente que é relevante para a sua própria tarefa especializada. Se houver diferenciação nos ambientes específicos aparecerão diferenciações na estrutura e abordagem dos departamentos.

Integração: Refere-se ao processo oposto, gerado por pressões vindas do ambiente da organização no sentido de obter unidade de esforços e coordenação entre vários departamentos. Ao lidar com os ambientes externos vão se segmentando em unidades, cada uma coma tarefa específica de tratar com uma parte das condições existentes fora da organização (unidades de vendas, de produção, de pesquisa). Cada um desses segmentos se relaciona com um segmento do universo exterior à empresa. Essa divisão do trabalho entre departamentos marca um estado de diferenciação como vimos acima. Porém, esses departamentos precisam fazer um esforço convergente e unificado para atingir objetivos globais da organização. Em conseqüência, ocorre também um processo de integração.

Integração Requerida e Diferenciação Requerida: A diferenciação e integração requerida referem-se a predições do ambiente da empresa. Aluninho, presta á atenção, não se referem á diferenciação e integração existentes na empresa, mas o quanto de diferenciação e integração o ambiente exige delas. A empresa que mais se aproxima das características requeridas pelo ambiente terá mais sucesso do que a empresa que se afasta muito delas.

· Depto Vendas : Ambiente Mercadológico

· Depto Produção : Ambiente Técnico - Econômico

· Depto Pesquisa : Ambiente Científico

Em função dos resultados da pesquisa, os autores formularam a Teoria da Contingência, isto é, não existe uma única maneira melhor de organizar; ao contrário, as organizações precisam ser sistematicamente ajustadas ás condições ambientais. A Teoria da Contingência apresenta os seguintes aspectos:

· A organização é de natureza sistêmica, isto é, ela é um sistema aberto.

· As características organizacionais apresentam uma interação entre si e com o ambiente e as características da organização.

· As características ambientais funcionam como variáveis independentes, enquanto as características organizacionais são variáveis dependentes daquelas.

Em resumo, a Teoria da Contingência explica que não há nada de absoluto nos princípios gerais da administração. Os aspectos universais e normativos devem ser substituídos pelo critério de ajuste entre cada organização e seu ambiente e tecnologia.

Pesquisa de Joan Woodward sobre a Tecnologia

Joan, socióloga industrial inglesa, organizou uma pesquisa para saber se os princípios da administração propostos pelas teorias administrativas se relacionavam com êxito do negócio quando colocados em prática. A pesquisa envolveu 100 empresas de vários tipos de negócios, nas quais foram classificadas em três grupos de tecnologia de produção:

Produção Unitária ou Oficina

· Tecnologia utilizada: Habilidade manual ou operação de ferramentas, artesanato. Pouca padronização e pouca automatização. Mão de obra intensiva e não especializada. Exemplo: produção de navios, motores de grande porte, aviões comerciais, locomotivas.

· Resultado da produção: Produção em unidades, pouca previsibilidade dos resultados e incerteza quanto a incerteza das operações.

Produção em Massa:

· Tecnologia utilizada: Máquinas agrupadas em baterias do mesmo tipo (seções ou departamentos). Mão de obra intensiva e barata, utilizada com regularidade. Exemplo: Empresas montadoras de automóveis

· Resultado da produção: Produção em lotes e em quantidades regular conforme dada lote. Razoável previsibilidade dos resultados. Certeza quanto á sequência das operações.

Produção Contínua:

· Tecnologia utilizada: Processamento contínuo por meio de máquinas especializadas e padronizadas, dispostas linearmente. Padronização e automação. Tecnologia intensiva. pessoal especializado. Exemplo: produção nas refinarias de petróleo, produção química, siderúrgicas.

· Resultado da produção: Produção contínua e em grande quantidade. Forte previsibilidade dos resultados. Certeza absoluta quanto a sequência das operações.

Em resumo: Há um imperativo tecnológico, isto é, a tecnologia adotada pela empresa determina a sua estrutura e comportamento organizacional.



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